quinta-feira, 26 de setembro de 2013

"Estou vivo e escrevo sol" - António Ramos Rosa

Eu escrevo versos ao meio-dia

e a morte ao sol é uma cabeleira

que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo

Estou vivo e escrevo sol



Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam

no vazio fresco

é porque aboli todas as mentiras

e não sou mais que este momento puro

a coincidência perfeita

no acto de escrever sol



A vertigem única da verdade em riste

a nulidade de todas as próximas paragens

navego para o cimo

tombo na claridade simples

e os objectos atiram as suas faces

e na minha língua o sol trepida



melhor que beber vinho é mais claro

ser no olhar o próprio olhar

a maravilha é este espaço aberto

a rua

um grito

                                                                 a grande toalha do silêncio verde 


No início da aula de Literatura Portuguesa do Século XX, a minha Professora começou por fazer uma pequena "homenagem" ao falecido poeta António Ramos Rosa (23/Setembro). Deu-nos este poema para lermos e fiquei deliciada, pois nunca tinha lido nada deste poeta. Devo dizer que irei pesquisar mais sobre este poeta que, em média, escrevia oito poemas por dia e que nos deixou uma vastíssima obra.

1 comentário :

  1. Acho que já tinha lido algo dele, mas não tenho a certeza...
    Olha a letra a preto não dá para ver bem :(

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